sábado, 14 de março de 2015

As promessas são muitas. Logo eu que não gosto de criar expectativas, a fim de evitar frustrações.
Parece que as coisas não vão ficar fáceis nunca, por isso decidi ser mais forte. Não vou sucumbir, esperando que meus sonhos simplesmente aconteçam, como num conto de fadas. Eu não vim aqui pra passear. O choro é só uma forma de esvaziar o coração, que às vezes dá espaço às indagações e tristezas. Isso não é fraqueza, é estratégia! Com a alma leve e disposta, é quase um convite à vida.
Ultimamente, a saudade tá ocupando cada brecha, desenhando seu nome em cada cantinho, pra não me deixar esquecer. Tenho reclamado bastante, mas, volta e meia, mato a ingratidão para agradecer pelas dificuldades que ajudam a edificar minha fortaleza. E, assim, com um tijolo de cada vez, vou aumentando a minha segurança e lutando pelo meu conforto. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Conturbado. Como a chuva que derruba casas, como o vento que bagunça os cabelos e impede a visão.
Não que eu ache que, diante de todos aqueles desejos e votos a mim direcionados numa data mundialmente comemorada, embora tão particular para mim, eu acordaria mais linda, mais rica, mais bem sucedida, mais amada e mais feliz no primeiro dia do ano. Evidente que não.
Mas 2014 chegou conturbado. Ainda não sei qual a intensidade, se como a chuva ou como o vento. Talvez dependa de uma escolha. Ou não.
Um banho de água fria que, prefiro acreditar, veio para acordar os ânimos que estavam de férias, a força que não queria ser usada, a paz que, de tão sossegada, não mexeu os pauzinhos.
E todos aqueles desejos, se a mim foram direcionados, a mim pertencem. 
Nada como a noite para separar dois dias que não se vinculam.

domingo, 10 de março de 2013

Companhia nossa de todo dia.



“Desistir… Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério. É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.”

— Cora Coralina


O assunto era saudade, e eu só falei de você.
Percebi que eu estava sendo repetitiva e insistente, de longe a pior companhia para aqueles que mergulhavam numa nostalgia plena e saudável. Ao contrário disso, uma necessidade angustiante me alcançava rapidamente e eu me tornei prisioneira dos meus próprios caprichos. Notei um certo egoísmo nessa minha vontade de encurtar distâncias, interromper prazos, queimar etapas. Me dei conta que não tenho o direito de dissolver sonhos alheios, sonhos que almejo ver realizados, que vibro junto. Despertei com aquela corrente elétrica passeando em minhas veias e resolvi ser mais branda com minha ansiedade incontrolável. É que tem dias que dói mais :/

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carta Escolhas e Renúncias

“Querida V.,

Eu queria poder ser todas as pessoas que estão em mim, mesmo as mais contraditórias.

Eu queria ser a mãe dedicada de três filhos com casa, gramado e cachorro, mas eu queria ser também a solteira independente em um apartamento moderno, cheio de livros e gatos.

Eu queria ser a garota descolada que coleciona tatuagens e conquistas. Desapegada. Mas queria ser também a mulher elegante que coleciona arte e sabe falar francês. Fluente.

Eu queria voltar a estudar piano para aprender a tocar os clássicos. Eu queria voltar a estudar piano para aprender a tocar MPB, Regina Spektor e Coldplay.

Eu queria morar em Nova York, em São Francisco, em Paris, em Barcelona e aqui em São Paulo. Talvez no Rio de Janeiro, talvez em Londres. Já quis viver em Florença e, de vez em quando, até flerto com Buenos Aires.

Eu queria tirar férias para visitar aquela amiga que tanto amo e mora com a família em Berlim. Mas também queria fazer um cruzeiro romântico, bronzeada e de branco, pelas ilhas gregas no verão. Eu queria conhecer a Islândia e a Patagônia Argentina – ir pra Ushuaia e esticar até a Antártida.

Eu queria largar tudo e ir pra África de chinelinho e roupa de algodão orgânico, e fazer parte de alguma ONG que cuidasse de crianças ou animais.

Eu queria ajudar mais as crianças e os animais que estão perto de mim.

Eu queria um óculos de sol (mais um) que estou namorando nas revistas. E trocar meu carro também. Mas, ao mesmo tempo, queria doar (quase) tudo que eu tenho para quem precisa tão mais do que eu. E só andar de bicicleta de agora em diante.

Eu queria ser metade disso, metade daquilo: ter a responsabilidade, mas não a culpa.

Eu queria agora estar com meu vestido novo e as pernas de fora, passeando livre por aí. Mas eu queria também estar na minha cama quentinha, quietinha, com um grande amor ao lado.

Eu queria ir ao aniversário do meu avô e rever a minha família, mas também queria não ter que viajar pra lugar nenhum e ficar só na minha casa.

Eu queria cortar o cabelo na altura do ombro, talvez com franja, mas também queria usá-lo assim comprido, como está agora. Eu queria fazer a unha hoje, mas também queria voltar pra cama e dormir só mais um pouquinho.

Eu queria passar dias inteiros sozinha, tirando fotografias do meu bairro, da minha cidade e do mundo. Mas também queria passar dias inteiros apaixonados, melados e grudados, quase sem ar.

Eu queria reler os clássicos, e ir assistir a uns dez filmes da Mostra. Mas também queria escrever textos e cartas bobas, como essa, porque escrever é uma necessidade – não um luxo.

Só que cada texto que eu escrevo é também um que deixo de escrever. Cada amor que eu não vivo poderia ser o que merecia viver.

Sabe, V., o dilema é que temos só essa existência – e muita imaginação. A ideia de passar todo tempo só experimentando é tão sedutora que a gente esquece que, até pra isso, ainda teria que escolher os sabores. Você não pode chegar na sorveteria e pedir pra provar todos. Tem que ser entre dois ou três. Quatro, vá lá. Mas não conheço ninguém que chegou ao quinto, não sem a cara feia da atendente do outro lado do balcão.

É como nos sentimos quando vamos ao nosso restaurante preferido e queríamos pedir o cardápio inteiro. Mas nada, é preciso fazer uma escolha - e todas as renúncias que ela implica. Cansa só de pensar.

E você me conhece bem, V., sabe que eu sou uma das primeiras a decidir qual será o meu pedido, porque faço aquela coisa (chata) da Pollyanna e do Jogo do Contente: eu tento me concentrar na delícia do prato que está pra chegar, e não em lamentar por todos os outros que ficaram pra trás.

Mas no restaurante da existência, é um pouco mais complicado. Seria maravilhoso se, nesse caso, a gente pudesse apenas chegar, sentar e dizer: “Garçom, por favor, me vê o menu degustação”.

Se bem que eu desconfio, V., que, ainda assim, a gente continuaria faminto.

Com amor,

S.”
Fabiane Secches
28 de outubro de 2012
Via Papel e Tudo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Se lentamente vê-se escapar pelos dedos a vontade de escrever, é hora de se preocupar! Escrever é a forma mais simplória de distrair a mente que tá cansada de pensar. Reconheço a contradição, afinal, como se escreve sem pensar? É que às vezes há a necessidade de derramar o que já não cabe mais no corpo e isso é feito quase que automaticamente. Sim, sem pensar, sem sopesar, sem medir, sem filtrar. Dizer sem pensar o que se pensa nem sempre é uma atitude louvável, pode acarretar consequências difíceis de serem suportadas. Eu não perdi a vontade de escrever, ou talvez sim, mas não consigo mais fazê-lo com a segurança de quem sabe exatamente o que significa cada vírgula utilizada. Não tenho conseguido enxergar a linha tênue que separa a vontade e o saber. Aqui é só um exemplo do que digo. E tenho dito. Quase sempre sem escrever.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Felicidade é mesmo algo bem inconstante. Difícil é ser feliz sempre, por isso a meta é ser feliz pra sempre. Sejamos.
Ainda não consegui descobrir o que de fato significa confiança. 
Confiar em alguém não me tira o direito de questionar as coisas, tira? 
Eu gosto de detalhes, de minúcias, de pormenores.
Quero ter minha própria visão de um fato que não ocorreu comigo, e que talvez seja diversa da visão de quem estava lá. É o meu ponto de vista, minha maneira particular de ver as coisas, e tenho esse direito.
Não acho que fechar os olhos para tudo e simplesmente dizer "amém" a tudo que alguém em quem confio diz seja a melhor maneira de demonstrar confiança. É sim a melhor forma de se mostrar manipulada. E cega. Alienada. Talvez burra.
Confiar de olhos fechados é se entregar por inteiro, mergulhar de cabeça, deixar as coisas acontecerem.. Por outro lado, fechar os olhos e fingir que tudo está bem não é confiar... Na verdade é maior falta de confiança que pode existir, é a falta de confiança em si mesmo, é o medo de saber a verdade e se frustrar, é viver na ilusão, na imagem dos outros criada por nós mesmos.
Por isso, se eu posso saber, quero saber. Se não posso, quero também. Mas aí já são mais quinhentos. Eu gosto de sinceridade, verdades e transparência, por mais difícil que seja encarar isso! É isso que dá confiança.  
Eu não sou essencialmente ciumenta, mas sou chata! Quero saber tudo: onde, como, quando, porque, com quem. Só às vezes.
Não é desconfiar, é me assegurar.
Sou tão mal interpretada que chego a achar que estou mesmo errada.
Peço-lhes desculpa, então.