segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Aquele amigo.

A maioria das pessoas nunca acreditou em amizade entre homem e mulher. Admissível tal pensamento; a humanidade é mesmo repugnante.
Sempre tive amigos, mas nenhum tão perfeito. Preenchia cada espaço que o mundo deixava em mim. Talvez não fosse tudo o que eu precisava, mas era tudo o que eu queria. E eu nem precisei procurar por ele.
As conversas intermináveis sempre me arrancavam boas risadas, traziam um novo aprendizado e, às vezes, até me roubavam algumas lágrimas. Não eram só flores e acho que vomitaria se fossem. Era prazeroso; nenhuma cama aconchegante ou chocolate quente poderiam ser melhores que estar na “companhia virtual” do meu “the best”.
Sabe aquele pensamento da maioria das pessoas? Não está certo, mas está coerente. Quando as coisas se confundem, é difícil decidir o rumo que se deve dar à situação.
Cheguei a achar que o melhor seria ignorar a “criação repentina” de vontades antes inexistentes. Machucaria sim, mas seria só uma fase. Foi uma fase difícil e fui fraca. Então achei que talvez pudesse ceder e as coisas se encaixariam naturalmente.
A partir do momento em que permitimos que a vida nos leve, estamos abrindo mão do controle relativo que nos dá o livre arbítrio. As coisas se perderam no tempo, se perderam pra sempre.
Depois de um tempo, ele já não era só o que eu queria, era também o que eu precisava; o que eu mais precisava. O tempo não parou para que eu tentasse reverter tudo. Eu só queria meu amigo de volta, mas já era tarde.
De quem foi a culpa? Talvez eu nunca tenha essa resposta, mas deito a cabeça no travesseiro e sei que fiz o que pude. São lembranças que jamais se perderão na minha memória. Importante é o que ele me fez sentir. Fez-me melhor, e sou grata.
Era tudo tão perfeito; e hoje só me resta saudade.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Devaneios Infantes

Quando criança, tínhamos a ingenuidade de achar que tudo seria sempre do modo como imaginávamos. Entressonhávamos que depois de desfrutar muito da infância e da adolescência, viriam faculdade, formatura, casamento, filhos, netos... Tudo sempre nessa ordem, simples e fácil, e com bom êxito.As primeiras desilusões começavam a surgir. Papai Noel e Coelhinho da Páscoa não são figuras verídicas! Não é tudo como parecia ser. Passam-se as fases e as mudanças são inevitáveis. Em nossa puerícia, nós não costumávamos pensar que as pessoas que você imagina ter contigo poderão nunca estar. Que o nosso “príncipe” não chegaria cavalgando num cavalo branco ou pior, que não existe príncipe encantado. Que ao longo da vida podemos fortalecer vínculos de amizades e com a mesma prontidão, esses laços podem ser desatados. Não cogitávamos a possibilidade de que teríamos que fazer escolhas que nos perseguiriam a vida toda. Que pra adentrar na faculdade é preciso estudar e pra enfrentá-la é necessário agradar-se dela, ter bravura e muita determinação. Não sabíamos que os sonhos seriam dispendiosos e que, por vezes, teríamos que nos privar de certas coisas. Não presumíamos que pra casar é preciso mais do que amor. E que casamento é algo mais complexo do que entrar na igreja trajada de branco, trocar alianças e pronunciar um “sim”. Não entendíamos que criar filhos é mais complicado do que deixá-los crescer e os verem envelhecendo, que é uma tarefa difícil, árdua e muito arriscada. Não compreendíamos que pra trilhar todo esse itinerário teríamos que correr riscos, sofrer perdas, tristezas, decepções. Éramos tão insensatos e inocentes. As únicas preocupações que tínhamos eram se o presente solicitado iria chegar, se o episódio de Chaves, do dia, já tinha sido reproduzido ou se iria passar o desenho predileto. E ainda bem que era assim! Isso favoreceu-nos a acreditar na felicidade plena, a viver dias sem verdadeiras preocupações, a não ter limites nos sonhos e a não renunciar deles.


~> Vanessa Costa Batista

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Deixa o amor acontecer.



Fechei a porta, liguei o som e me refugiei no meu infinito particular.

Eclética como sempre tive orgulho de ser, estava a ouvir Roupa Nova. Aquelas músicas que foram trilha sonora da vida da sua mãe, em algum momento, são aquelas mesmas que, hoje, me fazem refletir.

Um ritmo que embala, que nos leva até a fechar os olhos ao cantar.
Aquelas letras, as mesmas letras, que já sabemos de cór e não enjoamos.
Sem perder o compasso, deixo escapar até um "aaah babyyy.. meu universo é você".
Eu sei, são artimanhas do cantor. E daí?! Eu aprendi também e canto mesmo!

Me ative, parei, voltei. "A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não."
Magnífico. É mesmo uma arte, quiçá um dom.
Ouvir um 'não' é inaceitável quando é o 'sim' que se espera.

E, então, a banda canta "o jeito que o amor, tocando os pés no chão, alcança as estrelas."
Sim. Aquela arte é oriunda desse amor, só pode ser. Ele alcança algo inimaginável.
E diz, ainda, que "não é certo não deixar saída". Eu também acho. E daí? Use a imaginação; as coisas nem sempre serão tão prognosticadas como queremos.

Pra não me deixar insatisfeita, buscando inúmeras explicações que jamais alguém me dará, eu ouço "eu te falei que eu tinha medo, amar não é nenhum brinquedo".

Enfrentar nossos próprios medos pode nos trazer grandes surpresas, mas tenha cuidado onde pisa e atente à ferramenta de que faz uso.

"...ou quem sabe a sorte, um sonho, traz você pra mim."

Quem sabe?! Vai ficar aí sentado esperando?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É quase assim.

Estava lendo um texto e, de repente, tive a impressão de estar lendo minha própria história.
Ela começou assim "Eu não sei namorar. Não sei decifrar o que sinto nem transmitir o que levo dentro de mim. Preciso ter sempre o controle das situações e dos meus sentimentos, coisas que um relacionamento me prova a todo instante que não tenho."
Achei minha cara e, ao mesmo tempo, nada a ver comigo.

E ela continuou "Às vezes eu acho que exijo do amor mais do que ele pode me dar. Espero muito das pessoas." Nossa!! Dessa vez tenho certeza que ela tava falando de mim.
Eu quero mais, sempre além. Eu acho mesmo que mereço o melhor, eu sei que mereço.
Quero a compreensão que dispensa palavras, quero a leitura ocular, quero que adivinhe pensamentos! Quero os mais belos elogios e, ao mesmo tempo, quero críticas que me ajudem a buscar o melhor de mim. Quero, por fim, a segurança mais plena e a liberdade irrecusável [ahh! essa eu não abro mão!].

Como se fosse pouco, ela diz "Eu devo ter visto muitos filmes, ter lido muitos romances. Só pode."
Será que é tão impossível assim viver um amor assim, real?!
Ela ainda fala sobre a fidelidade. É tão difícil assim torná-la um valor?
Meus olhos falam, preciso de alguém que os entenda quando for custoso demais para minha boca pronunciar-se. Às vezes reluto em dizer o que quero ou não quero, preciso de alguém que converse com o meu silêncio.

Busco um alguém que esteja ao meu lado nas horas mais inconstantes e, conhecendo meus trâmites, saiba o que fazer. Um alguém que não mendigue atenção, que torne natural a minha vontade de oferecê-la. Me faça sentir linda e desejada, ainda que conheça cada defeito meu. Alguém de valores, disposto a mudar pelo que é certo; que não sempre pense como eu, mas que saiba reconhecer uma verdade; alguém que me mostre caminhos que pareciam não existir, que me acrescente algo bom a cada conversa.

E, então, fiquei a pensar como poderia finalizar esse texto que já é quase dela de tanto que soube me representar. Nada tão imprevisível, eu encontrei o meu fim no dela: "Eu quero apenas um amado, um amante, um namorado. Um amigo, um companheiro. E, principalmente, que não desista de me entender sem antes tentar. Eu não sou tão fácil quanto pareço, nem tão difícil quanto digo ser."

E, com análise prévia, permito-me repetir: EU NÃO SOU TÃO FÁCIL QUANTO PAREÇO, NEM TÃO DIFÍCIL QUANTO DIGO SER!

A cada dia, convenço-me mais de que encontrei o que tanto procurava. Um dia, confirmo esta desconfiança ou continuo minha busca.