segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carta Escolhas e Renúncias

“Querida V.,

Eu queria poder ser todas as pessoas que estão em mim, mesmo as mais contraditórias.

Eu queria ser a mãe dedicada de três filhos com casa, gramado e cachorro, mas eu queria ser também a solteira independente em um apartamento moderno, cheio de livros e gatos.

Eu queria ser a garota descolada que coleciona tatuagens e conquistas. Desapegada. Mas queria ser também a mulher elegante que coleciona arte e sabe falar francês. Fluente.

Eu queria voltar a estudar piano para aprender a tocar os clássicos. Eu queria voltar a estudar piano para aprender a tocar MPB, Regina Spektor e Coldplay.

Eu queria morar em Nova York, em São Francisco, em Paris, em Barcelona e aqui em São Paulo. Talvez no Rio de Janeiro, talvez em Londres. Já quis viver em Florença e, de vez em quando, até flerto com Buenos Aires.

Eu queria tirar férias para visitar aquela amiga que tanto amo e mora com a família em Berlim. Mas também queria fazer um cruzeiro romântico, bronzeada e de branco, pelas ilhas gregas no verão. Eu queria conhecer a Islândia e a Patagônia Argentina – ir pra Ushuaia e esticar até a Antártida.

Eu queria largar tudo e ir pra África de chinelinho e roupa de algodão orgânico, e fazer parte de alguma ONG que cuidasse de crianças ou animais.

Eu queria ajudar mais as crianças e os animais que estão perto de mim.

Eu queria um óculos de sol (mais um) que estou namorando nas revistas. E trocar meu carro também. Mas, ao mesmo tempo, queria doar (quase) tudo que eu tenho para quem precisa tão mais do que eu. E só andar de bicicleta de agora em diante.

Eu queria ser metade disso, metade daquilo: ter a responsabilidade, mas não a culpa.

Eu queria agora estar com meu vestido novo e as pernas de fora, passeando livre por aí. Mas eu queria também estar na minha cama quentinha, quietinha, com um grande amor ao lado.

Eu queria ir ao aniversário do meu avô e rever a minha família, mas também queria não ter que viajar pra lugar nenhum e ficar só na minha casa.

Eu queria cortar o cabelo na altura do ombro, talvez com franja, mas também queria usá-lo assim comprido, como está agora. Eu queria fazer a unha hoje, mas também queria voltar pra cama e dormir só mais um pouquinho.

Eu queria passar dias inteiros sozinha, tirando fotografias do meu bairro, da minha cidade e do mundo. Mas também queria passar dias inteiros apaixonados, melados e grudados, quase sem ar.

Eu queria reler os clássicos, e ir assistir a uns dez filmes da Mostra. Mas também queria escrever textos e cartas bobas, como essa, porque escrever é uma necessidade – não um luxo.

Só que cada texto que eu escrevo é também um que deixo de escrever. Cada amor que eu não vivo poderia ser o que merecia viver.

Sabe, V., o dilema é que temos só essa existência – e muita imaginação. A ideia de passar todo tempo só experimentando é tão sedutora que a gente esquece que, até pra isso, ainda teria que escolher os sabores. Você não pode chegar na sorveteria e pedir pra provar todos. Tem que ser entre dois ou três. Quatro, vá lá. Mas não conheço ninguém que chegou ao quinto, não sem a cara feia da atendente do outro lado do balcão.

É como nos sentimos quando vamos ao nosso restaurante preferido e queríamos pedir o cardápio inteiro. Mas nada, é preciso fazer uma escolha - e todas as renúncias que ela implica. Cansa só de pensar.

E você me conhece bem, V., sabe que eu sou uma das primeiras a decidir qual será o meu pedido, porque faço aquela coisa (chata) da Pollyanna e do Jogo do Contente: eu tento me concentrar na delícia do prato que está pra chegar, e não em lamentar por todos os outros que ficaram pra trás.

Mas no restaurante da existência, é um pouco mais complicado. Seria maravilhoso se, nesse caso, a gente pudesse apenas chegar, sentar e dizer: “Garçom, por favor, me vê o menu degustação”.

Se bem que eu desconfio, V., que, ainda assim, a gente continuaria faminto.

Com amor,

S.”
Fabiane Secches
28 de outubro de 2012
Via Papel e Tudo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Se lentamente vê-se escapar pelos dedos a vontade de escrever, é hora de se preocupar! Escrever é a forma mais simplória de distrair a mente que tá cansada de pensar. Reconheço a contradição, afinal, como se escreve sem pensar? É que às vezes há a necessidade de derramar o que já não cabe mais no corpo e isso é feito quase que automaticamente. Sim, sem pensar, sem sopesar, sem medir, sem filtrar. Dizer sem pensar o que se pensa nem sempre é uma atitude louvável, pode acarretar consequências difíceis de serem suportadas. Eu não perdi a vontade de escrever, ou talvez sim, mas não consigo mais fazê-lo com a segurança de quem sabe exatamente o que significa cada vírgula utilizada. Não tenho conseguido enxergar a linha tênue que separa a vontade e o saber. Aqui é só um exemplo do que digo. E tenho dito. Quase sempre sem escrever.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Felicidade é mesmo algo bem inconstante. Difícil é ser feliz sempre, por isso a meta é ser feliz pra sempre. Sejamos.
Ainda não consegui descobrir o que de fato significa confiança. 
Confiar em alguém não me tira o direito de questionar as coisas, tira? 
Eu gosto de detalhes, de minúcias, de pormenores.
Quero ter minha própria visão de um fato que não ocorreu comigo, e que talvez seja diversa da visão de quem estava lá. É o meu ponto de vista, minha maneira particular de ver as coisas, e tenho esse direito.
Não acho que fechar os olhos para tudo e simplesmente dizer "amém" a tudo que alguém em quem confio diz seja a melhor maneira de demonstrar confiança. É sim a melhor forma de se mostrar manipulada. E cega. Alienada. Talvez burra.
Confiar de olhos fechados é se entregar por inteiro, mergulhar de cabeça, deixar as coisas acontecerem.. Por outro lado, fechar os olhos e fingir que tudo está bem não é confiar... Na verdade é maior falta de confiança que pode existir, é a falta de confiança em si mesmo, é o medo de saber a verdade e se frustrar, é viver na ilusão, na imagem dos outros criada por nós mesmos.
Por isso, se eu posso saber, quero saber. Se não posso, quero também. Mas aí já são mais quinhentos. Eu gosto de sinceridade, verdades e transparência, por mais difícil que seja encarar isso! É isso que dá confiança.  
Eu não sou essencialmente ciumenta, mas sou chata! Quero saber tudo: onde, como, quando, porque, com quem. Só às vezes.
Não é desconfiar, é me assegurar.
Sou tão mal interpretada que chego a achar que estou mesmo errada.
Peço-lhes desculpa, então.

terça-feira, 5 de junho de 2012


Na noite passada, como em todas as noites, tive sonhos estranhos e tumultuados, que nada têm a ver com as pessoas que vivem ou convivem comigo. Minha impressão, diante dessa experiência repetida, é que esses sonhos são construídos, meticulosamente, para excluir a realidade. São feitos com um material que segrega o mundo prático e reflete, quase exclusivamente, a nossa subjetividade. Eles são uma reafirmação feroz da nossa individualidade, uma rejeição visceral, biológica, das tentativas humanas de vincular, unir e dissolver. Sugerem que, lá dentro, estamos sozinhos, ainda que amemos e sejamos amados aqui fora.
Mesmo que seja um bocadinho melancólica, essa constatação ajuda a entender algo fundamental na vida dos casais: a impossibilidade de juntar tudo e dividir tudo, a insanidade absoluta de tentar viver como se dois fossem um. 
Assim como na Física há uma lei segundo a qual dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, deve haver outra lei, no universo subjetivo, que impede duas individualidades de viverem a mesmíssima vida. Tenho a impressão que a insistência em contrariar esse princípio está por trás de muitos e graves desencontros por aí.
Desde a adolescência, e provavelmente ainda antes, somos alimentados com a ilusão de que um dia encontraremos alguém com quem iremos nos fundir. A tal pessoa, aquele, a mulher da nossa vida, o príncipe encantado – todos esses são agentes do destino que teriam a função, na nossa história pessoal, de rasgar a couraça da individualidade, penetrar nosso casulo e nos salvar, de forma permanente, da horrível solidão de ser um indivíduo. A partir desse momento redentor, a nossa dor fundamental seria superada e seríamos, então, felizes para sempre. No outro.
Algumas vezes, mesmo na vida real, chegamos perto desse estado idílico de aniquilação. É quando estamos apaixonados. Nesse momento mágico – e, segundo o Freud, patológico - nossos sentimentos em relação ao outro são tão violentos que parecem romper o isolamento essencial. Em tal estado de comoção de ser parte do outro. Se ele se afasta, sentimos dor. Se ele está perto, sentimos prazer. Parece ser impossível viver sem ele, porque se tornou parte de nós.
No filme “O morro dos ventos uivantes”, com Laurence Olivier, a jovem apaixonada diz ao rapaz “Eu te amo”, e ele responde “Eu sou você”. Não existe na literatura ou no cinema uma declaração de amor mais radical do que essa.  
Há outro momento em que também nos sentimos perto desse sentimento. É no sexo. Em meio ao prazer, aquilo que nós somos desaparece temporariamente em direção ao outro. Mergulhamos numa torrente tão intensa que, por alguns minutos, não somos mais que o conjunto daquelas sensações. Há uma pequena morte aí, um breve suicídio prazeroso no qual mergulhamos felizes, levado pelo corpo e pela personalidade do outro. 
Mas esses momentos são terrivelmente efêmeros, não? Mesmo a mais intensa paixão é passageira. Cedo ou tarde, ainda que contra a nossa vontade, somos arrastados de volta à normalidade de sermos apenas um. Logo chega o momento em que é preciso negociar com a personalidade do outro, com a percepção do outro, com o desejo do outro. Com isso se desfaz a ilusão de pertencer. Deparamos, de novo, com a nossa assustadora e iniludível solidão interior. Sabemos disso, vivemos isso desde crianças, mas uma parte de nós continua sonhando com uma paixão tão arrebatadora, tão dominante, que nos livre para sempre de nós mesmos. Crescer, eu acho, é deixar também essa fantasia para trás. 
Alguns recusam isso terminantemente. Insistem em esperar pelo sonho ou – muito pior - tentam transformar a vida real a dois num exercício de destruição das personalidades. Fazemos tudo juntos, pensamos o mesmo, gostamos das mesmas coisas, compartilhamos as mesmas experiências, dizem. Na boa ou na marra, vão arrastando o outro a uma vivência que é uma réplica da sua. Até o ponto em que, de tão parecidos, não tenham mais nada a contar um ao outro. Então se separam. 
Estou exagerando? Claro que sim. Mas, mesmo entre pessoas que não vivem na caricatura, o impulso comum de controlar o outro faz parte do movimento de negação da individualidade. Ele se recusa a reconhecer o outro com as suas necessidades próprias, sua existência fora de nós. O desejo de aprisionar é o impulso de se proteger do outro, que, insistindo em ter vontade própria, pode fazer algo que nos machuque. 
Enfim, acho que é disso que os sonhos falam. Da nossa vontade de ser forte como indivíduos e do nosso medo oceânico de nos desligarmos dos outros. Da contradição entre a vontade de crescer e o impulso de permanecer um bebê chorão, ligado ao outro por um cordão umbilical. Os sonhos contam que o amor, lindo que é, essencial como possa ser, não nos salva de sermos nós mesmos. Mesmo quem respira suavemente ao nosso lado, adormecida, tem sonhos separados dos nossos. É uma pessoa estranha que amamos, mas sobre a qual nunca saberemos o suficiente. É preciso respeitar esse mistério.
Ivan Martins

segunda-feira, 21 de maio de 2012


"Difícil entender a mania das pessoas de querer apagar o passado. Falar de ex é mais tabu do que propor fio-terra. É motivo de briga, de climão, de cara fechada. E uma das dúvidas eternas femininas ainda continua sendo: “Porque ele insiste em falar da ex?” O lema “ex bom é ex morto” perdura por gerações de pessoas incomodadas com o fato que todo mundo tem um passado – seja ele negro ou branquinho.
O fato é que o ser humano tem a irritante mania de ser ciumento. Queremos tudo pra gente, até o passado do outro. Queremos acreditar na utópica ideia que a vida do outro só começou a partir do glorioso momento em que surgimos nela. Outro dia um amigo contou que a namorada surtou porque foram viajar e ele deixou escapar que já tinha ficado nessa mesma pousada com a ex. A única explicação que vem a cabeça para esses surtos estranhos, é que a moça ficou se sentindo menos importante, por ter sido a segunda, em vez da primeira, a ter sido levada lá. A realidade provavelmente despertou o lado competitivo dela, a fazendo pensar que ela deveria ser melhor que a ex. Ora, como se sentir menos importante, se ele te levou ao mesmo lugar, provavelmente porque gostou da experiência e achou que valeria a pena vivê-la também com você?
Os relacionamentos que tivemos no passado são os responsáveis por temos nos tornado quem somos hoje. Há poucas coisas na vida que nos ensinam mais do que viver lado ao lado de alguém com um universo diferente do seu. Cada ex, significa mais experiências no currículo e uma melhor visão a cerca dos relacionamentos. Não há alguém que passe pela nossa vida sem deixar ensinamentos. Podem ser ruins ou bons, mas o importante é aprender. E esse homem ou mulher que você ama hoje, só é dessa maneira porque acumulou experiências que o transformaram no que ele(a) é hoje.
Além disso, ex é ex. Já está no nome. Pertence ao passado. Mas memórias nunca serão apagadas. Você pode lutar incansavelmente para que ele nunca cite o nome da ex, para que doe os presentes, que queime a caixa de cartas antigas. Esforço inútil. Querer apagar as memórias do outro é uma tarefa impossível – você pode lutar contra as coisas óbvias, mas como vai saber se aquela camisa que você acha linda, não foi justamente um presente da outra no passado? Ou se aquela camiseta que ele sempre te empresta quando você dorme na casa dele, com um número muito menor do que o que ele usa, não é um vestígio do passado? Você pode até lutar contra as coisas materiais, mas o invisível – que é o que realmente importa – ficará lá para sempre. Aprenda a viver com isso.
Ter orgulho do passado e se recusar a apagá-lo demonstra um orgulho da nossa biografia, da nossa história. Todo mundo deveria ter orgulho da trajetória que escolheu trilhar. Além disso, não há nada que nos ensine mais sobre a pessoa com quem dividimos a cama e a vida, do que ouvir histórias dos relacionamentos antigos e aprender com eles. Eu sempre tive uma curiosidade latente sobre as ex dos meus atuais. Gosto de saber de detalhes, de experiências, de situações bacanas, engraçadas, tristes. E pergunto sem a pretensão de querer fazer melhor e muito menos, de querer arrumar motivo para brigas. Pergunto com o mesmo interesse com o qual falo do meu passado. Ouço com a eterna curiosidade de uma estudante no curso da vida.
Assim como tenho um carinho e agradecimento pelas pessoas que caminharam comigo no passado, quero que o outro tenha também. Até porque, no futuro, eu posso ser a ex e iria odiar saber que os momentos vividos foram apagados da memória (e das gavetas) por causa de uma atual egoísta que não respeita o passado alheio. Não quero que minhas cartas sejam queimadas, que meus presentes sejam doados, que minhas marcas sejam apagadas. Lembro dos exs com carinho e respeito por pessoas que já fizeram parte da minha vida e que contribuiram para minha história. E é assim que gostaria de ser tratada também.
O fato é que ex só é tabu se a gente trata o assunto dessa forma. Tem gente que só de falar de uma situação passada na qual a ex estava envolvida, já se treme todo, fica vermelho, gagueja. Tem gente que nem tem coragem de citar o nome dos casos passados por medo das consequências presentes. Já os que tratam o assunto com naturalidade, automaticamente passam a ideia de um passado bem resolvido, importante, mas que ficou pra trás. E é nossa obrigação tratar nossa história com carinho, e não permitir que um novato chegue querendo impor que passe uma borracha na sua vida. Sua vida já existia muito antes dele chegar. Quem não consegue lidar com esse fato, já dá sinais claros que não merece assumir o posto de oficial. Deixe para eles, somente o papel de coadjuvante. Guarde esse espaço VIP para alguém com maturidade suficiente para ocupá-lo." Autor Desconhecido


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Saudade é não saber. 
Não saber quanto tempo dura um minuto, não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como ocupar o tempo livre, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é também saber.
Saber que aquele brilho que a vida passou a ter vem dos seus próprios olhos, saber que aquele perfume que o vento traz é truque da memória, saber que viver pode ser uma simples dança, saber que nenhum casaco esquenta quando o frio é na barriga!
Eu não sei tantas coisas, mas sei tantas outras. Quanta saudade no meu peito!

Entre a Cruz e a Espada.

cruz 

(latim crux, crucis, instrumento de suplício, cruz, forca, tortura, dor) 

s. f.

1. [Religião católica]  Instrumento do suplício de Jesus Cristo.

2. [Figurado]  Tormento; aflição; trabalhos; desgostos.

espada 

s. f.
1. Arma branca cortante e perfurante, formada de uma lâmina comprida e estreita com punho e guardas.


As pessoas costumam se utilizar de expressões que sobreviveram ao tempo, aos vícios, às mudanças, às fases e aos cabelos brancos. E a elas assim se referem "Como diz o ditado..". Ora, ora.. quem determina o que é ditado e o que deixa de ser? São frases repetidas ao longo dos anos que se encaixam perfeitamente em situações idênticas, ou talvez apenas parecidas, que parecem se repetir também. Com outros personagens, outras cores, outras vozes. De repente, um plágio. Mas veja bem, há anos que repito para meu pai "Eu não sou mais uma criança!" e isso não virou ditado. Não venha me dizer que sou uma voz fraca em meio à multidão, porque sei que quase todas as filhas únicas desse mundo compartilham desse coro. E não virou ditado. Ditado precisa ter um significado? Uma origem, uma história, talvez. Pois, que assim seja. Não sei explicar o que seja um ditado, o dicionário também não ajuda: ditado s. m. 1. O que se dita para outro escrever. E eu gosto tanto, uso que nem percebo. É um tal de "quem tem como me pagar, não me deve nada". Acho ameaçador! hahaha E o tal do "casa de ferreiro, espeto de pau"? Acho tão esclarecedor! Mas confesso que já me peguei pensando em o que seria estar entre a "cruz e a espada"! O meu melhor entendimento diz que trata de uma escolha entre se entregar ou lutar. E, nessas horas, se entregar é uma bobagem? Uma covardia? Ou uma renúncia? Se positiva para esta última, não seria abrir mão de um em prol do outro? E isso não é lutar? Lutar, sim, mas por algo que julgue mais importante. Eu não sei por onde ir, mas estou indo e, quem sabe um dia eu aprenda a conviver com o que me incomoda, ou talvez não precise.


"Não sei se caso ou compro uma bicicleta" - Esse, definitivamente, não consigo entender. Alguém me explica?

quinta-feira, 22 de março de 2012

Um dia acontece. Ele se vai. Você fica parada olhando ele arrumar a mala, cada gesto te dizendo: EU NÃO TE QUERO MAIS. Você até que poderia chorar, implorar, pedir desculpas por algo que você nem sabe que fez, mas você já fez tudo isto antes. Algumas vezes. E agora você já não está muito certa de que vale a pena. Você não sabe direito o que se passa dentro de você. Reconhece a dor que já vem caminhando com você há um bom tempo.Reconhece o medo – como é que vai ser; será que eu dou conta sozinha? Reconhece a sensação de fracasso. Reconhece o cansaço. Mas é uma sensação novinha em folha, bem escondidinha na borda do coração é que faz você ficar ali, só olhando. Antes que você consiga identificar o que é, ele fecha a mala e com ela caminha até a porta, cheio de impáfia. Sem saber o que te move, você se adianta e abre a porta pra ele. A frase clichê de cena de efeito em filme barato escapa irresoluta de sua boca, com um sapo repentinamente liberto. Se você sair, não volta mais. Sem sequer se dignar a olhar na sua cara, ele passa reto com um sorrisinho de escárnio. Naquele momento você sente que, não importa quantas vezes vocês tenham protagonizado cenas patéticas como aquela, desta vez é mesmo pra valer. Já deu. Acabou. Você fecha a porta com uma calma gelada. Tranca bem trancada. Passa o ferrolho. Pega alguns sacos de lixo e joga nele as roupas e objetos que ele deixou pra trás e sente uma vontade real e irrestrita de jogar tudo pela janela, mas pensa que mais escândalo a esta altura do campeonato não vai fazer nenhum bem a você. Deixa tudo empilhado ao lado da porta da cozinha e decide limpar imediatamente todos os traços dele em sua casa. Sai andando pela casa com um incenso nas mãos rezando uma benzeção e jogando sal grosso nos cantos. Enquanto passa vão sumindo fotos, livros, cds. Tudo indo literalmente pro saco. A casa se esvazia e você se esvai.Exausta, corre pro banho de roupa e tudo. Abre o chuveiro até o talo e deságua. Chora até não poder mais. Deixa o coração escoar pelo ralo até derreter. Quando sai do banheiro parece que nada é real ou existe. Você flutua no limbo. Anestesiada liga a TV e senta-se à frente dela, tal qual personagem dA Volta dos Mortos Vivos. Sem saber de si a dor, tristeza ou desilusão reencontra aquela sensaçãozinha escondidinha na borda do coração que a manteve parada, a observá-lo arrumando a mala. Tímida, envergonhada, ela se apresenta e você suspira por reconhecê-la: alívio!

Um dia você acorda e, finalmente entende que você nada perdeu. Seu coração continuou batendo incólume, sua alma permaneceu completa, sua vida se refez, seguiu. O amor nunca chegou, nem partiu, porque sempre fez parte de você. E sempre vai estar lá, pronto pra recomeçar. E você ri de dor tão boba, esta dor de amor finado. Dor que nem remédio tem, pois que já nasceu remediada.

Um dia, acontece!

Claudia Regina Barros

segunda-feira, 19 de março de 2012

As decisões mais difíceis de se tomar são aquelas que você não quer tomar, mas sabe que precisa. Abrir mão de alguma coisa pode ser bem difícil, quando você acredita que ela pode ser boa pra você. As várias facetas de uma vida pode acabar destruindo o seu presente em função do que você gostaria que fosse seu futuro. São idéias distorcidas, talvez inconsistentes, mas que configuram a sua vontade de que as coisas sejam tão perfeitas quanto você sonhou. Bobagem! Nada nunca é exatamente como a gente espera.. Aliás, geralmente o que a gente não espera é que se aproxima mais daquilo que a gente deseja. Oh céus, viver é uma arte e eu não tenho o menor dom.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Não sei se é branco ou se é preto, mas não consigo enxergar nada além disso. Fixo um ponto e cego!
Eu não sei pensar muito bem, devia ter curso pra isso. Intensivão pra quem precisa já! 
É, pensando bem (ou não tão bem assim), é uma boa idéia. Imagina a melhora impagável na cultura brasileira, que sofre de superlotação de imbecis. Genial.
De qualquer modo, voltemos à minha limitação cerebral. Porque é tão complexo pensar? Eu digo.. pensar direitinho, assim, com organização, sabe? Eu me perco facilmente entre os prazos que preciso cumprir e o sapato que quero comprar. Meus pensamentos vão de um extremo a outro na velocidade da luz. E no meio da prece eu me pego pensando em como vou fazer pra emagrecer. Peço perdão a Deus, óbvio. E ao meu excesso de peso, já que suspendo um e interrompo outro.
Pensar pouco e fazer logo pode até ser proveitoso, evita covardias desnecessárias.Quer saber? Enquanto os impulsos forem sensatos, vamos impulsionar a vida! Pelo menos ela não fica parada, né?

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Perder alguém é meio como "comer sem fome". Sem sal, sem açúcar. Sem gosto, sem graça. Não há coca cola que devolva o apetite. E não adianta, mãe, tentar me obrigar -.- A ordem se inverte, predominando a direção "de dentro pra fora". Não adianta engolir, guardar pra si, fingir que não existe. Chore! Não resolve, não traz de volta, mas alivia.
O coração não tem tino para entender e a razão.. ah! essa perde o juízo. 
A morte é totalmente fora de contexto. Eu sei, há justificativas plausíveis, mas fazem tão mais sentido quando quem se vai é aquele vizinho velhinho que sofria há anos em cima de uma cama. 
Quando a morte chega, não tem a menor piedade. Não espera terminar o jantar ou as roupas secarem ou acabar a novela das oito. Leva com ela tantas coisas mais, além de uma alma. Leva os sentidos de quem fica. Leva os ponteiros do relógio, que fazem o tempo parar.
São 3 meses e quatro dias. E parece que foi ontem... ainda consigo sentir sua mão quente, seu sorriso forçado tentando disfarçar a dor. Consigo sentir a dor, embora jamais tenha a sentido. 
Mas, ainda assim, acredito no mecanismo do universo, e apenas rezo em silêncio, porque desejo intensamente que o céu tenha um lugar especial reservado para quem é especial por natureza.
Que Deus o tenha e guarde. A saudade ainda é grande, "Parada"! E receio que não diminua.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O ser humano é tão frágil que não é capaz de considerar a possibilidade de perder algo que nem sequer é seu, simplesmente por acreditar que um dia poderia ser. É o fruto de um mundo recheado de egoísmo, de egocentrismo, de mesquinhez. É arriscado demais assumir que não foi forte, bom e/ou diferente o suficiente para se destacar entre tantos ícones. É arriscado porque destaca fraquezas, pontos fracos e verdades! Sim, verdades. Verdades maquiadas, escondidas, fantasiadas.
Perder é tão doloroso que por vezes é preciso criar histórias para não encarar a realidade. O apego a coisas sobrenaturais, divinas, intangíveis, invisíveis, são uma fuga rápida e que não deixa vestígios. Quando se quer fugir, nem sempre precisa sair do lugar.
E é importante lembrar que nem sempre uma perda representa uma subtração, pois que perder pode ser um grande passo pra vitória. Isto porque nem tudo que vai merecia ficar.
Assim é que se tece a vida, entre idas e vindas, muitas vezes incompreendidas, mas geralmente necessárias.