"O amor está em todos os lugares, você que não procura direito!" - diz Mário Quintana.
Na verdade, acredito eu, é o amor que nos encontra. Nossa busca apenas encurta um caminho já traçado.
E ele diz ainda que
"o amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa".
Fato.Era micareta. Multidão em alvoroço. Cada um era apenas mais um. Volume máximo. Não há tempo para pensar. Agir é o lema.
Há espaço para o amor nesse circuito?Ele estava ali, bem à minha frente. E, lentamente, se aproxima. Entre tantas camisas iguais, a dele, cada vez mais perto, se difere. Um belo sorriso que, logo, some.
Apertaram o "MUTE" no trio?
Não precisei esforçar-me para entendê-lo, tamanha minha atenção e intensa sua convicção.
Ouvi, através daquela voz agradável, coisas que me calaram a boca e acalentaram o coração. Dor e alívio simultâneos. Estava formado o paradoxo.
Era o amor em carne e osso. Chegou até mim sem que o procurasse e quase não me dei conta da sua presença.
Ao fim, as mais sofridas palavras: Eu te amo!
Lavo a face com minhas próprias lágrimas.
Vejo o amor me dar as costas e assisto, imóvel, sua partida. Devia tê-lo impedido, segurado, trazido a meus braços. Ele se foi, e eu nada fiz.
Naquele momento, aos olhos de quem quer que fosse, eu não alcançaria - nem ousaria alimentar tal ambição - nada além duma singela descrição de um ser inanimado.
Quase me convenci disto.
O amor me bateu à porta e não abri.
Aguardo, com infindáveis esperanças, um caloroso reencontro."Você apareceu do nada. E você mexeu demais comigo....Não dá pra imaginar quando é cedo ou tarde demais pra dizer adeus, pra dizer jamais."