quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quase isso.

Entre o SIM e NÃO, me perco no TALVEZ.
É o talvez que me perturba, que me entristece e, às vezes, até me salva.
É uma fuga do tempo; ganho e perda.
A versatilidade do meio-termo me põe em confronto comigo mesma. Tenho dúvida da certeza e certeza da dúvida. Inconstante. Volúvel.
Estou propensa a mudanças, porém, imutável. Antagonismo propulsor.
Aliada do tempo, permito-me perder o ar a cada mergulho. Estou a esperar. Até quando?
Talvez não viva intensamente, mas vivo com intensidade. As coisas se encaixam, a qualquer tempo. 'A devida coisa devida'. Princípio da identidade da coisa. 'Ninguém é obrigado a acetiar coisa diversa da devida, ainda que de maior valor'.
Tá tudo aqui, mas nem tudo é capaz de sair.

Resultado: péssima avaliação.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Surpresa

"...tá tudo assim tão diferente. Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o 'pra sempre' sempre acaba..."

Eu era só risos ao ouvir "..mas a vida é uma caixinha de surpresas" e ver Joseph Climber persistir na vida. Um riso que perde a graça quando se trata da vida real.
Uma caixinha de surpresas. E surpresas nem sempre são agradáveis.
Primeiro o susto, depois a confusão de pensamentos e por fim, só então, a satisfação. Ou seria conformismo?!
É certo que a cada escolha deve haver uma renúncia. Não dá pra ter tudo ao mesmo tempo. Não se trata de acidente, é exatamente uma escolha. E para alcançá-la, deve-se abdicar de tantas outras. É possível que não se saiba exatamente o que se quer ou exatamente o que poderá acontecer, mas simples traços de um por vir nos dá a possibilidade de distinguir o bom do ruim, o certo do errado, o doce do salgado. Se você, no entanto, prefere um agridoce, aprenda a lidar com a simultaneidade dos opostos.
A vida é um aprendizado constante, estagnar é deixar de viver. Toda derrota corresponde a uma vitória. Geralmente constatamos a vitória alheia mediante nossa frustração pessoal. Todavia, ultrapassando os limites do óbvio, cabe a nós desvendar o mistério do omisso. Há inúmeras minúncias que talvez nos faça mais felizes do que as tão visadas condecorações, basta que saibamos valorizar as pequenas coisas da vida.
Certo dia um alguém, tão certo e tão errado, me disse, com toda sabedoria de um filósofo: "Prefiro morrer de pé que viver de joelhos". E, desde então, acredito que a vida nunca dá um tempo para que possamos ficar a lamentar. É preciso se refazer e seguir adiante, porque, segundo Luís Fernando Veríssimo, embora quem quase morreu ainda esteja vivo, quem quase vive já morreu.
O importante é persistir, talvez no equívoco, mas na busca incessante pela lucidez.



[apenas meras considerações.]

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

À espera do retorno.

"O amor está em todos os lugares, você que não procura direito!" - diz Mário Quintana.
Na verdade, acredito eu, é o amor que nos encontra. Nossa busca apenas encurta um caminho já traçado.
E ele diz ainda que "o amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa".
Fato.

Era micareta. Multidão em alvoroço. Cada um era apenas mais um. Volume máximo. Não há tempo para pensar. Agir é o lema.
Há espaço para o amor nesse circuito?
Ele estava ali, bem à minha frente. E, lentamente, se aproxima. Entre tantas camisas iguais, a dele, cada vez mais perto, se difere. Um belo sorriso que, logo, some.
Apertaram o "MUTE" no trio?
Não precisei esforçar-me para entendê-lo, tamanha minha atenção e intensa sua convicção.
Ouvi, através daquela voz agradável, coisas que me calaram a boca e acalentaram o coração. Dor e alívio simultâneos. Estava formado o paradoxo.
Era o amor em carne e osso. Chegou até mim sem que o procurasse e quase não me dei conta da sua presença.
Ao fim, as mais sofridas palavras: Eu te amo!
Lavo a face com minhas próprias lágrimas.
Vejo o amor me dar as costas e assisto, imóvel, sua partida. Devia tê-lo impedido, segurado, trazido a meus braços. Ele se foi, e eu nada fiz.
Naquele momento, aos olhos de quem quer que fosse, eu não alcançaria - nem ousaria alimentar tal ambição - nada além duma singela descrição de um ser inanimado. Quase me convenci disto.
O amor me bateu à porta e não abri.
Aguardo, com infindáveis esperanças, um caloroso reencontro.



"Você apareceu do nada. E você mexeu demais comigo.
...Não dá pra imaginar quando é cedo ou tarde demais pra dizer adeus, pra dizer jamais."

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Ponto.

Hoje acordei com você no pensamento, revivi nos meus sonhos todos os momentos de outrora; meu travesseiro parecia ter sido banhado com seu perfume.
A fragância que instiga minha memória, que me relembra cada passo dado naquele mês de Julho.
Era tão perfeito que se aproximava do irreal.
Acabou. Assim, do nada. Simplesmente evaporou. Talvez tenha esquentado demais.
Estamos sempre cientes, jamais preparados. É de conhecimento geral a efemeridade da vida; sabe-se que nada físico é eterno.
Agir sempre foi a parte mais difícil. É claro que a gente sabe que não se deve estudar só pra passar, que banho de chuva pode gripar e passar debaixo da escada dá azar.
Até que ponto isso é verdade? Até que ponto é superstição?
Permita-se "até que ponto".
Isso é você quem determina. Viva de acordo com suas convicções.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mistura.


Não sei onde vou, mas já estou a caminho...

Aqueles dias em que os pingos da chuva fazem um barulho que embala teu sono.. Ou aqueles dias em que os raios do sol esquentam teu coração.. Aqueles dias..

Tanta amargura.. dúvidas.. insegurança! Tantos caminhos e nenhum passo. Entre ir e voltar, acabo por ficar no mesmo lugar. "Pause". É apenas um intervalo na transitoriedade da vida. Uma interrupção da rotina. Suspensão de obrigações.

Pensamentos se misturam e perdem a lógica formal. A simultaneidade de opostos ideais causa pane geral no sistema. O futuro e o passado se combinam no presente, trazendo uma incerteza incrível quanto ao ritmo que se deve seguir.

Um tanto paradoxal, mas o constante exercício de raciocinar às vezes nos impede de ter idéias concretas. STOP. É hora de recomeçar. PLAY.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Baderna.

Não está em mim, nem em você. O erro é do destino, que nos pôs frente a frente.
Às vezes desejo nunca ter te conhecido e, logo de imediato, me surpreendo batendo três vezes consecutivas na madeira mais próxima. Na falta desta, minha boca é o alvo.
Você trouxe tudo que eu precisava, mas acho que está atrasado. Um coração tranquilo, batidas compassadas. Estava tudo dentro dos conformes, até você chegar.
Invadiu, bagunçou e eu já não sou capaz de identificar o espaço de cada coisa.
Não sou revolucionária, gosto do convencional. Mas sou adepta a mudanças. Concentre-se, porém, no "por vir".
Tudo tão rápido. Tende-se à cegueira do óbvio.

"MUITA hora nessa CALMA." ;D

O ciclo.

A chuva não cessa. Não consigo lidar com sua imagem viva dentro de mim. Porque está gritando comigo? Não tenho culpa. Nada posso fazer. Não chore! Por favor, não chore! Me desculpe. Meu silêncio pressupõe a tácita concordância. Meu pronunciamento talvez defira um ledo engano. Se afaste de mim! Não quero te machucar. Vá! Mas volte. Prometa pra mim. Vá, mas volte. Tá esperando o quê? Porque está sorrindo? Não torne as coisas mais difíceis. Eu machuco pessoas e não controlo isso. Não se aproxime. Não chore! Não sorria! Indiferença. Perdi você. mas você disse que ia voltar... Cadê a parte de mim que levou consigo? Preciso de você aqui. Volte.

Essa melodia me embala.. A chuva não cessa.

Puxe a corda da cabeça.

Escreva. Eu leio.

- Não quis dizer isso.
- Mas foi assim que entendi.

TORNE-me, mas dê-me o direito de SER.
O mundo sob diversos ângulos.
Vejo de baixo pra cima. Começo do zero.
Não me diminua só porque vê de cima.
Tendo a crescer. Um balão.
Liberte-me de imposições.
A Carta Magna.
Restrições, não impedimentos.
Meu mundo é colorido.
Que culpa tenho eu do domínio do preto e do branco na sua visão?
Distraia-se, tropece.
O sangue tem cor. Viva!
Permita-se avançar.
Ande com suas próprias pernas.
Caso contrário, providencie cordas fortes
e um fiel manipulador,

Marionete!

Bom Uso.

Misturam-se as palavras.
Caso. Acaso. Descaso.
Tão diferentes. Tão iguais.
Posto. Disposto. Composto.
Tão distintas. Tão complementares.
Um mundo de cores, de versos, de rimas.
Um mundo de descobertas. De mistérios, enfim.
Jogo de palavras. Domine-as, se quer medalha.
Confusão de pensamentos, infusão de sentimentos.
O abstrato em forma de gente.
Nas entrelinhas. Subtendido.
'Para um bom entendedor meia palavra basta.'
Ou não.
Interprete. revele. Surpreenda.
Está escrito. Foi dito.
Não percebe?
Insaciável vontade de encontrar.
Omisso. Discreto. Evidente, por fim.
Se cobra esforço, não tente entender.
Ultrapassa limites de mentes restritas.