Todo o barulho do trio às minhas costas, o ônibus segue sem que me reste dúvidas do caminho a seguir. Ouvindo outro ritmo, adormeço.
Um encontro. Carros enfileirados. Uma mesma rota.
Sobe, desce, sobe, desce, coragem, mergulho.
Primeiro um pé, o outro. Devagar. Arrepia, segura o ar.
Ai, que gelo!
A natureza promove os mais belos espetáculos.
O homem também faz sua parte.
Os mesmos que me assustam, protegem meu sono. Um sono a dois, com um fio de cabelo a balançar.
O sol bate à porta e é bem recebido, esquenta meus pés, mas mantêm a água a 15°C.
Prepara o fôlego, cria coragem e sobe. Sobe. E sobe. Sobe. E, mais uma vez, sobe.
Agora anda. Sem olhar pra trás.
Pára. Senta. Deita. Olha pra baixo, sem medo de se arrepender.
Quase me fui. Em bando. Com os pássaros.
Respira, revigora, levanta e carregue a tristeza de não poder carregar o lugar.
Lembranças que ninguém sente, que ninguém vê e quase não entende.
No fim do circuito, perto de casa, corre e pula!
Um salto no vazio.
3 segundos de não sei o quê, talvez de nada. Pura adrenalina.
Tira a roupa molhada, reza e dorme.
Bem vinda de volta à rotina.