quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Carnaval 20i9




Todo o barulho do trio às minhas costas, o ônibus segue sem que me reste dúvidas do caminho a seguir. Ouvindo outro ritmo, adormeço.

Um encontro. Carros enfileirados. Uma mesma rota.

Sobe, desce, sobe, desce, coragem, mergulho.

Primeiro um pé, o outro. Devagar. Arrepia, segura o ar.

Ai, que gelo!

A natureza promove os mais belos espetáculos.

O homem também faz sua parte.

Os mesmos que me assustam, protegem meu sono. Um sono a dois, com um fio de cabelo a balançar.

O sol bate à porta e é bem recebido, esquenta meus pés, mas mantêm a água a 15°C.

Prepara o fôlego, cria coragem e sobe. Sobe. E sobe. Sobe. E, mais uma vez, sobe.

Agora anda. Sem olhar pra trás.

Pára. Senta. Deita. Olha pra baixo, sem medo de se arrepender.

Quase me fui. Em bando. Com os pássaros.

Respira, revigora, levanta e carregue a tristeza de não poder carregar o lugar.

Lembranças que ninguém sente, que ninguém vê e quase não entende.

No fim do circuito, perto de casa, corre e pula!

Um salto no vazio.

3 segundos de não sei o quê, talvez de nada. Pura adrenalina.

Tira a roupa molhada, reza e dorme.

Bem vinda de volta à rotina.


























Quando se está só?

É interessante quanta energia pode deter uma casa.
Sozinha, as paredes me olham e as sombras de coisas que não vejo me seguem.
A menina do retrato se parece comigo, me olha como se me conhecesse, no fundo da alma, dilata a pupila.
Como se ajudasse, ando às pressas, sem me voltar para trás, com o coração a mil. Abre a porta, acende a luz, quem está aí?
Nenhum som.
Tropeço no vazio, apoio no infinito.
Nada parece real, com exceção dos batimentos cardíacos que parecem estar disputando uma vaga no Guinness Book.
Olhos cerrados, livrai-nos de todo e qualquer mal... Amém.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

'Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.'

Luís Fernando Veríssimo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"Parece cocaína, mas é só tristeza".

Os olhos marejados, coração apertado e a dor da partida.

Mais difícil do que um dia imaginei.

O vazio que fica ninguém preenche!