Hoje acordei e não encontrei a coragem de levantar.
Procurei entre as cobertas e debaixo dos travesseiros; não houve jeito.
Não sei se foi culpa da inércia, que me lembrou da tendência de permanecer como estava, ou da gravidade, que insistia em me tornar cada vez mais íntima do meu colchão.
Após alguns breves minutos de uma luta acirrada com o conforto e o calor do meu canto, mãos ao alto! \o/ Tudo bem, rendo-me. -.-‘
Tem uma certa maneira adequada e indicada para levantar-se sem prejudicar a coluna; tentei lembrar em vão! Admito, era só uma forma ridícula de ganhar mais um tempinho no lugar onde eu queria permanecer por mais uma eternidade.
Enfim, estou de pés no chão e nem sei qual foi o primeiro a sentir o azulejo gélido. Talvez tenha eu posto ambos simultaneamente. Isso me confere alguma vantagem?
Liguei o botão de automático e lá vai a vida me levando, seguindo um rumo já traçado, uma rotina incessante, ora tão desejada ora tão desprezada.
Questões de educação jamais são esquecidas, muito embora seja melhor um silêncio simpático a um cumprimento forçado pelo hábito, sem qualquer expressão.
“Step by step”, sem pressa de chegar, afinal não sei ao certo para onde estou indo.
O dia se prolonga tanto que chego a confundir as estações e me situar num solstício.
Quando, por fim, alcanço a noite, quase que sem querer, meu corpo se apressa em demonstrar à minha cama a saudade que ela o fez sentir por tão longo período.
E, então, encontro-me de volta ao lugar que deveria ter sido todo meu por todo aquele dia difícil de viver, por inexistência de vontade. Um dia daqueles...
Um dia perdido? Talvez nulidade; anulação, não.
Conhecimento adquirido por osmose. Sou célula viva.
2 comentários:
"Hoje acordei e não encontrei a coragem de levantar.
Procurei entre as cobertas e debaixo dos travesseiros; não houve jeito."
- Acontece isso comigo quase todos os dias.. rsrs! Hoje mesmo quase perco o estágio.. =P
- Texto ta massa, como sempre!
Todo mundo passa por isso. Uma vez por semana, uma vez por mês, o mês todo no ano. Enquanto a gente tá grudado no colchão, parece que nada de tão ruim pode acontecer. Mas na verdade, nada de tão bom pode sugir pra gente! Levantar é arriscar-se.
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